O sossego da avó

Ontem a minha avó foi para o lar e passou lá a primeira noite.

A minha mãe e os meus tios andaram a ver os lares da região e optaram pelo que consideraram o melhor. Andei o dia todo com o coração apertado e sempre que me lembrava que a minha avó ia para um lar, os meus olhos enchiam-se de lágrimas e o coração apertava.

Sei que é o melhor para ela, pois assim não está sozinha, está sempre a ser acompanhada e vigiada, alimenta-se bem, tem ótimas condições o que não acontecia quando ela estava sozinha em casa dela sem condições. Custa. Custa muito mas é uma realidade que temos de encarar.

Foi como quando a minha avó teve de começar a andar de bengala... E o mais curioso é que a 1.º bengala que ela teve fui eu que lha ofereci (por brincadeira) quando fui ao Brasil. Sabia que esse dia ia chegar mas via-o muito, muito longe e distante.

A realidade é que o tempo passa muito depressa e não perdoa.

Estou em pulgas para ligar e saber como passou a 1.ª noite naquele que eu considero ser um hotel e não um lar. Espero que, agora sem a humidade e o frio, as dores passem e a minha avó consiga ter alguma qualidade de vida.

A minha avó já teve a experiência de estar uma semana num lar e confesso que a experiência foi horrível. Um dia fui visitá-la de surpresa e deparei-me com a minha avó sentada numa sala com tantos outros idosos, numa cadeira comum, completamente apática. Fiquei horrorizada.

Espero que agora seja diferente. Que tenha atividades que lhe ocupem o tempo, que faça novas amizades, que a alimentação seja a mais adequada, que tenha a vigilância médica que tanto precisa e já agora... que arranje um namorado e seja FELIZ!