domingo, 12 de setembro de 2010

A minha pérola

Foi no dia 17 de Maio de 2008 que conheci a Diana, aquela que viria ser a minha pérola. Ouvi falar da Diana através de uma amiga em comum que por sinal soube no mesmo dia, que eu e a Diana estávamos doentes com linfoma (ainda que distintos).

Fui pesquisar a Diana no hi5 (abençoado!) através dos amigos dessa nossa amiga e mandei-lhe uma primeira mensagem a apresentar-me. Tive a resposta passado uns dias e trocámos logo os números de telemóvel para que pudéssemos estar em contacto.

A Diana encontrava-se na Covilhã a fazer tratamentos, uma vez que era lá que vivia e ligou-me a marcar um encontro porque vinha à Marinha Grande visitar os pais nesse fim de semana.

Ambas queríamos conhecer-nos por ouvirmos falar tanto uma da outra. Eu estava em “pulgas” para a conhecer pessoalmente! Pelo que eu já conhecia da Diana era uma pessoa que quanto mais se conhecia, mais se queria conhecer. Apesar de comunicarmos via “net” e via “móvel” nunca é a mesma coisa ver uma pessoa ao vivo e a cores!

Combinámos o encontro para Sábado à tarde no bar/café Operário e acompanhou-me a Dayse (namorada do meu irmão na altura).

Assim que entrámos a Diana e o Hélio (marido) já estavam à nossa espera e assim que nos cumprimentámos houve logo uma empatia imediata. A Diana era uma pessoa muito acessível, muito humilde, muito educada e com um sorriso maravilhoso que encantava qualquer pessoa. Eu usava lenço na altura e sei que a Diana ficou um bocadinho “chocada”, mas depois de falarmos, de sentirmos, de vermos que tínhamos tanto em comum isso passou e até lhe causou alguma confusão porque ambas estávamos a fazer tratamentos de quimio…

Disse à Diana que estava a ler o livro “Viver de Amar” de Otília Pires de Lima e que me estava a ajudar bastante na luta contra a doença. Ela comprou-o e também o leu! Adorou! O livro “Viver de Amar” deu-nos todas as esperanças e forças que precisávamos.

Tornámo-nos grandes amigas e sempre que falávamos uma com a outra o nosso tempo parava e o “peso” diminuía. Falávamos abertamente sobre tudo! Não havia julgamentos, existia muita sinceridade, muita cumplicidade e muitos, muitos risos. Trocávamos experiências e divertíamo-nos bastante e coincidência ou não, sentíamos as mesmas coisas e passávamos pelas mesmas coisas nas mesmas alturas.

Em questão de amores, a Dianinha estava muito, mas muito melhor que eu! Era com a Diana que desabafava e falava abertamente sobre o meu ex-namorado. Talvez por não o conhecer sentia-me mais à vontade para lhe contar tudo o que se passava e ela sempre me apoiou bastante. Cada vez que falávamos perguntava se já estava melhor e quando lhe respondia: “Não” (sempre a mesma resposta) desatávamos as duas a rir! Ao longo das nossas conversas muitas foram as vezes que nos emocionámos as duas… Quanto mais falávamos mais tínhamos para falar.

A Diana era a minha grande companheira de luta, uma pessoa incrível, fantástica com uma maneira de ser e de estar nunca vista. Adorava ler, adorava escrever, adorava os amigos, amava a família e amava a vida!

Tinha um blog (http://naminhaconcha-perola.blogspot.com/) onde escrevia tudo o que lhe ia na alma e no coração e eu fazia sempre questão de o acompanhar porque me revia na maioria das coisas que escrevia e porque a adorava e admirava muito. Ainda hoje acompanho o blog porque não há dia nenhum que não pense na minha pérola, no seu sorriso e o seu blog é uma forma de me sentir mais perto dela.

Tínhamos vários projectos em mente: organizar seminários, fóruns, workshops em parceria com várias entidades e pessoas (profissionais de saúde, pessoas que já estivessem curadas de cancro) que falassem e esclarecessem os doentes oncológicos e os seus familiares. Como não nos sentíamos muito apoiadas queríamos levar a informação, a força, a fé, a esperança a todos os que estivessem interessados. Esta ideia também surgiu pelo amor que temos aos nossos pais e por sabermos que eles estavam a sofrer muito. Queríamos que soubessem que é possível a cura e que nós nos íamos curar. Projectos e ideias não nos faltavam. Faltava-nos a saúde para seguirmos em frente.



2 comentários:

  1. :( Apesar de nunca ter conhecido, pessoalmente, a tua pérola, conhecia-a por falares muito dela. Era óptima pessoa, eram parecidas..por isso se davam tão bem!
    Foi uma lutadora e onde quer q ela esteja vai ficar MUITO feliz por tudo o q tens feito por ela (em relação aos pais)... o facto de escreveres sobre ela e a valorizares...por tudo!
    Fizeste tudo o q podias ter feito.

    É mt dificil aceitar a realidade...eu compreendo-te minha estrelinha (compreendo perfeitamente!)

    Adoro-te!

    Sara Bento.

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  2. Infelizmente nem todas as lutas contra este bicho saem vencedoras, e o pior é o sentimento de nulidade de incapacidade, que as pessoas ao seu redor sentem, porque também elas querem lutar e não conseguem, depois vem o sentimento de revolta profunda por uma batalha perdida.
    Eu gosto de acreditar que Deus as chamou porque precisava delas para reforçar o seu exercito de anjos protectores.
    Gosto também de acreditar que elas estão muito mais felizes.
    Mas gostaria ainda mais de saber que todas as pessoas que lutam contra este bicho GANHAM, como tu. Adorava poder ajudar todas as pessoas a GANHAR. Ter a certeza de que basta a vontade de lutar para ganhar.
    Tives-te a sorte de conhecer mais uma pessoa fantástica e é esse sentimento que deves sempre guardar, e acreditar que apesar de tudo, lutas por ti e por ela, e por todas as outras pessoas que travam a mesma batalha.
    Nós, humanidade, vamos conseguir derrota-lo.
    Boa sorte Andreia, mesmo de muito longe vou seguindo o teu blog.
    Beijo
    Liliana Gaspar

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