segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O meu destino


Depois de realizar duas endoscopias para confirmar o que se estava a passar com o meu estômago, fui chamada para falar com a minha médica hematologista. Foi uma manhã de nervos e ansiedade e uma tarde de irritação e stress! Epah porque é que não dizem logo as coisas como elas são e não se deixam de rodeios? É o que tem de ser e é! E eu digo e repito: “Prefiro uma dura realidade a uma grande mentira!”. Neste caso ninguém me mentiu mas também não me disseram logo tudo, não me abriram o “jogo” até esta consulta…

Tinha um tumor no estômago e este órgão tinha de ser retirado na totalidade! Não se punha a possibilidade de retirar só uma parte porque todo ele estava doente, danificado. Na minha cabeça só ouvia “Tirem! Tirem!”. Se isso significava viver, retirem o que for necessário. E assim foi!

Fui transferida para a cirurgia e apresentada à minha querida médica, Dr.ª Licínia. Desde o primeiro momento que a vi, adorei-a e isso fez toda a diferença! A sua calma, a sua segurança, a sua simpatia, a sua humildade fez-me NUNCA ter medo, nem receio de NADA! Desde a notícia até à realização da cirurgia, fui a algumas consultas ao hospital e fiz alguns exames necessários para a realização da mesma. A data da cirurgia foi-me comunicada com pouco tempo de antecedência uma vez que o meu caso teve de ser falado e discutido entre médicos. E por mim a data era indiferente! Já estava mais que preparada!

As únicas pessoas que souberam a data da realização da mesma foram os meus pais e o meu anjinho porque sempre me acompanharam em tudo e não havia maneira de não saberem. Mas se me dessem a escolher e se fosse eu que mandasse ninguém saberia! Não imagino a angústia, o desespero, os nervos, o stress que passaram enquanto estive adormecida naquela sala de operações. Não consigo e não quero imaginar o sofrimento dos que me mais amam naquela altura. Não suporto sequer imaginar.

Não interessava a data, o dia, a hora! Interessava sim, o final. Saber que tudo tinha corrido bem e que eu estava bem! Isso era o mais importante!

Sempre me preocupei tanto com os outros e com os sentimentos dos outros que me esqueci de mim própria neste processo todo. Para os meus pais foi um horror! Olhar para a cara deles era ver o desalento, a tristeza, a desilusão, a revolta… Depois foi dar a “terrível” notícia aos meus avós… Essa missão ficou para os meus pais, mas depois coube-me a mim ligar-lhes (uma vez que estava a ter uns fantásticos dias no Norte do país) a dar-lhes força e coragem.

Pois… era eu que as precisava de ouvir naquela altura e então fiz das minhas palavras, as palavras para mim própria… Estranho, não é? Criei o meu mundo e não deixei que nada, nem ninguém entrassem nele com dramas, choros e cenas lamentáveis! Eu não sou nenhuma coitada! Eu não sou nenhuma vítima! Eu sou uma SOBREVIVENTE!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O inevitável!


Os restantes meses corriam da melhor maneira possível. Sentia-me feliz, mas angustiada com a minha saúde. Um dia quando saia do trabalho disse à minha coordenadora “sinto como se tivesse uma bomba relógio dentro de mim”. Era assim que sentia em relação ao meu estômago, à minha saúde. Por muito cuidado que tivesse com a minha alimentação, em fazer exercício físico, yoga, tratamentos de CND e também com a minha vida sentimental resolvida, bem resolvida, eu sabia e sentia que não ia ficar por aqui. Não me perguntem como, mas eu sabia… sentia.

O meu anjinho tem uma licenciatura em saúde e desde que entrou na minha vida acompanhou-me sempre nos exames (endoscopias) e consultas e ajudou-me bastante a perceber e compreender mais o meu corpo. Quando realizava endoscopias as notícias nunca eram muito animadoras: estômago deformado com muitas cicatrizes… devido aos intensos tratamentos de quimio e radio o meu estômago ficou num estado lastimável, mas sobrevivia.

Em Março de 2010 depois de fazer uma endoscopia alta e de me terem retirado várias amostras para biopsia, ligaram-me dias depois para repetir o exame. No dia em que recebi o telefonema estava com a minha prima (autora dos sonhos) no hospital de Leiria no “II Colóquio de Enfermagem no Hospital Santo André (Leiria)” onde a minha primaça linda fez um testemunho real e impressionante do que passou com a perda e partida da sua princesa, do seu bebé que agora é uma estrelinha, um anjinho. O testemunho teve como objectivo alertar os profissionais de saúde a serem mais cuidadosos e humildes na maneira como tratam e lidam com os doentes. 

Foi um dia muito especial para as duas. Naquele dia ambas tivemos de lidar com realidades bem duras e distintas da nossa vida que nos fizeram sofrer bastante, mas que nos fortaleceram enquanto mulheres e seres humanos. Era algo que estava destinado! A minha prima falar do que lhe ia na alma e elevar o espírito e a memória do seu anjinho e eu ter a confirmação do que já me estava destinado acontecer desde que a doença me apareceu.

Dias mais tarde, fui ao hospital fazer mais uma endoscopia para ver o que era afinal a coloração anormal que me tinha aparecido no meu estômago e confirmava-se! Um tumor no estômago! O cansaço exagerado e as más disposições já tinham uma razão de existir!

Não havia nada a fazer! Arregaçar as mangas mais uma vez e ir à luta sem dramas, sem desilusões, sem lágrimas, sem muitas questões.

“Era o que tinha de ser!” e eu mais uma vez tinha o apoio incondicional dos meus pais, da minha família, dos meus amigos e desta vez reforçada com o amor, o amor, a compreensão e o companheirismo do meu anjinho.

Qual seria o meu destino?




segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SURPRESA - Green Day


(o meu mano, o meu anjinho e eu - Alavarito e Rosemary tenham calma que eu estive a àgua!! O copo era só para enganar!!)

Em Setembro de 2009, durante uma sessão de cinema fui presenteada com um bilhete para ir assistir a um concerto no pavilhão Atlântico pelo meu mano e o meu anjinho. Preocupada ainda com a gripe A e outras constipações e outras doenças mais…, os meus meninos tiveram o cuidado de comprar bilhetes no 1.º balcão de maneira a estar o mais afastada e protegida possível.

Numa segunda-feira, tirei a tarde de férias para ir para o Parque das Nações em Lisboa onde ia decorrer o concerto. O meu primeiro grande concerto!! Estava tão excitada que nem cabia em mim de contente. Foi tão bom…

Fomos mais cedo e jantámos no Centro Vasco da Gama, mandei sms ao meu primo Pedro para nos encontrarmos e revi a minha prima Bruna. Ainda encontrámos algumas pessoas amigas aqui da zona que tal como nós se deslocaram a Lisboa para assistir ao concerto. O tempo estava óptimo, a companhia magnífica e eu sentia-me outra pessoa.


(o meu mano e eu)

Os meus sentimentos durante o concerto foram diversos e variados… Sentia-me muito feliz e alegre por estar ali e agradecia a Deus por aquele pequeno grande momento. Também me sentia emocionada e comovida por ver o meu mano e o meu namorado tão bem e felizes e por ver aquela multidão de pessoas todas unidas a cantar as mesmas músicas, a dançarem… Não sei explicar, não consigo…

Foi muito bom e vários foram os momentos em que dei por mim a chorar durante o concerto e a agradecer por aquele momento…

Foi uma GRANDE e inesquecível surpresa! Obrigada!


                                                                        (o meu anjinho e eu)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma Decisão MUITO Feliz

Depois que regressei do Algarve vivi dias e momentos muito felizes ainda que distante (fisicamente) do meu anjinho. Sentia-me tão bem e tão feliz!

A minha vida decorria normalmente, com todos os cuidados com a minha alimentação (rica em ferro, legumes e fruta), cuidado com o meu corpo (fazia ginástica 2 vezes por semana no Outeiro da Fonte e ainda fazia caminhadas e andava de bicicleta com a minha estrelinha. Era fantástico!) e as consultas de rotina e exames (endoscopias) no Hospital.

Nesta altura tive consultas de ginecologia porque era importante e porque numa TAC viram qualquer coisa esquisita nos ovários. Não passou tudo de um susto! E claro, consultas no dentista devido ao aparecimento de uma infecção num dente o qual teve de ser extraído… mazelas dos vários tratamentos…

A minha cabeça não estava virada para a minha saúde! Que chatice sempre a falar do mesmo! Agora estava na altura de me dar uma oportunidade (a oportunidade merecida) de ser Feliz e de pensar em mim. Ainda que não conseguisse pelo menos tentava. (É para isso que serve a vida, né?)

Só o consegui com a ajuda do meu irmão, primas e amigas. Não queria sofrer novamente, mas tinha de me dar essa chance.

Durante algum tempo reservei só para mim esta relação, este meu “segredo”. Era um direito que eu tinha! E tenho! Direito à minha privacidade, direito a ter as minhas opiniões e atitudes (somente minhas), direito a ter o meu lugar, o meu espaço, direito a ter pessoas na minha vida e não as partilhar, direito a ter os meus segredos, direito a mim e à minha vida. Foi o melhor que fiz e não me arrependo de nada! Se não desse certo não tinha de sofrer ainda mais a ouvir constantemente “eu bem te avisei” ou “devias de ter tido mais cuidado” ou ainda “tu não sabias como ele era?”.

Arrisquei TUDO e arriscaria TUDO outra vez pelo meu anjinho porque desde o primeiro dia que nos conhecemos que me demonstra e prova o que sente por mim e eu sinto que é verdadeiro e real!

Para cada um de nós, existe alguma pessoa especial” do livro Só o Amor é Real de Brian Weiss, um livro magnífico e surpreendente que aconselho vivamente a lerem.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E um anjo desceu dos céus…

Não tinha férias marcadas! O meu objectivo era passar o Verão (mês de Agosto) todo a trabalhar de maneira a ele passar bem depressa sem eu dar por nada.

Recebi um convite da minha prima para passar uma semana no Algarve, o qual neguei imediatamente. É que nem pensar ir para um local onde abundava o calor, areia, mar, em pleno mês de Agosto… todas as coisas que eu amo e não podia ter. Era uma tortura e ficava pior do que estava. NÃO!

A minha prima insistiu… Ficávamos num apartamento com piscina, num sítio calmo, ideal para descansar e mais (muito mais) importante... saía daqui, apanhava outros ares, via outras pessoas, outros locais… NÃO!

O que me fez mudar de ideias foi o facto de poder passar mais tempo com as minhas primas, o meu irmão ir comigo e sair daqui ainda que fosse por uma semana. E fomos! Ainda me lembro do nervoso miudinho na barriga, de fazer a lista de coisas para levar e as malas. Que máximo!


Antes de ir fui a uma livraria comprar um livro para me entreter, afinal ia passar tanto tempo livre fechada em casa… Escolhi o livro (ou melhor, o livro escolheu-me) “Vai Valer a Pena”, do psicólogo Joaquim Quintino Aires. O livro conta a história real de 9 mulheres, em diferentes momentos das suas relações que abriram o coração: 3 que sofrem em silêncio, 3 que decidiram libertar-se de relações dolorosas, 3 que encontraram a felicidade depois da separação. Ao relatar as suas histórias, o psicólogo conta uma história bem maior: a do sofrimento e a da esperança do amor… porque começar de novo, “Vai Valer a Pena”. “Será?” Era a pergunta que me fazia, querendo acreditar que sim! “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.


O local era fantástico, a companhia perfeita e o livro o mais adequado para mim (naquela altura que tinha o coração desfeito). Estava fechada para o amor, não queria saber de ninguém e não queria que ninguém soubesse de mim. Queria estar só, ficar só e ser feliz na solidão, mas ter uma vida de verdade, na verdade e na paz. Não pedia mais nada!

Durante o tempo que estive em Portimão passei a maior parte do tempo a dormir, a ler e só a partir das 17h ia até à piscina. Foi uma verdadeira terapia!

No 1.º dia que chegámos a Portimão agendámos desde logo o dia para irmos ao Sasha Summer Sessions e assim foi! Dormi o dia todo e estava super preparada e mentalizada, mas quando chegou a hora… não me apetecia, estava cansada, doía-me a barriga e tinha sono. As minhas primas e o meu irmão insistiram tanto que não tive coragem para desistir. E fui!

Nessa noite conheci um anjinho que me salvou e devolveu-me a alegria de viver, fez-me voltar a acreditar no verdadeiro amor, nos verdadeiros sentimentos, na sinceridade, na verdade, na entrega total, em sentimentos puros, fez-me voltar a rir e a sorrir, trouxe-me a felicidade plena e a confiança num futuro muito, mas muito melhor…


"Todos nós precisamos de uma relação, pois ninguém é feliz sozinho. E nessa relação precisamos de admirar e sentir desejo pelo outro, mas também precisamos de sentir que o outro nos admira e deseja com a mesma intensidade." Quintino Aires

domingo, 14 de novembro de 2010

Um sinal de esperança!


Verão de 2009! Eu e a minha família estávamos a “ressacar” da doença e de todos os acontecimentos que surgiram durante e após a mesma. A “sombra” da possibilidade da doença voltar era uma constante e por muito esforço que se fizesse, numa conversa, num desabafo, essa possibilidade era sempre relembrada e eu toda termia (e tremo!).

A realidade é que houve um sofrimento muito grande, quer da minha parte, quer da parte da minha família. Cada um tinha uma maneira de se manifestar diferente. Eu sofri na própria pele a doença, mas sinceramente durante todo o processo do diagnóstico, consultas e tratamentos até reagi bem (ou tentava). O pior para mim era o depois… Sentia-me triste, esgotada, desorientada, mal.

Para “libertar” a mente e o espírito, para aliviar todo o sofrimento e restabelecer as minhas forças que estavam a descer a um ritmo alucinante, frequentava as aulas de yoga mas não era o suficiente. Um dia, ao ver-me tão “em baixo” a minha tia Cilita falou-me nas consultas de CND – Computer Normality Diagnostic que se realizavam na Holiclínica em Leiria. Dirigi-me até lá para obter informações e para realizar um primeiro check-up.

O CND consiste numa máquina de alta tecnologia que faz a leitura electromagnética de todo o corpo humano comparando-o com uma base de dados onde são ligados a sensores que são colocados na testa, pulsos e tornozelos. Avalia-se a reactividade para se proceder a diversas terapias de correcção e estimulação da capacidade auto-curativa do corpo. Esta tecnologia é totalmente indolor e não é invasiva. O CND analisa todos estes factores e efectua um diagnóstico abrangente e não apenas de uma situação em particular. Por vezes a dor aparece num local e a origem do problema é noutro bem distinto. Com o CND poderá detectar se a sua doença é "real" ou causada apenas por uma questão alérgica, ou emocional/mental.

No primeiro check-up que efectuei na Holiclínica conheci a Dr.ª Raquel, profissional que efectuou e acompanhou todos os meus tratamentos e reavaliações. Cada tratamento durava cerca de 2 horas e consistia em eliminar e corrigir desequilíbrios agudos detectados. Eu não notava pelo tempo a passar durante os tratamentos, durante esse tempo exteriorizei tudo o que pensava, tudo o que sentia e no final sentia-me muito bem, muito leve. Sentia-me segura e certa do desaparecimento total da minha doença, a minha confiança e segurança em mim enquanto pessoa, ser humano iam aumentando muito lentamente.

A máquina CND dava-me as “armas/ferramentas” para me reerguer. Nada se esquece, nada se apaga, mas aprendi que tudo é uma aprendizagem, uma passagem e que há várias formas de lidarmos com as situações, os sentimentos, os pensamentos... Posso afirmar que comecei a ver tudo de uma forma mais clara e a ver uma “luz ao fundo do túnel”.

Foi muito bom e pretendo repetir!

domingo, 7 de novembro de 2010

Mais 1 Ano de Vida!

Com o coração destroçado pela partida de tantos companheiros de luta, especialmente a partida da minha Diana e cansada de sentir tanto sofrimento e dor, decidi comemorar o meu aniversário na companhia de familiares e amigos.

Afinal, se vivemos, se estamos vivos é para celebrar cada dia que passamos aqui neste mundo que é o nosso e o único que temos. Assim como a vida!

Com todos os acontecimentos que têm surgido na minha vida chateia-me o facto de a vida passar ao lado de tanta gente que conheço e amo! Parecemos uns zombies e deixamos que o melhor que a vida nos dá passe-nos ao lado, despercebido.

Nos dias de hoje valoriza-se muito as doenças, as desgraças, alimenta-se o ódio, a revolta, a tristeza e sentimentos que nos fazem mal à saúde e deixam-nos deprimidos.

O facto de estarmos vivos e de boa saúde e de não estarmos sozinhos neste mundo é motivo mais que suficiente para vermos a vida com bons olhos.

Claro que não é tudo um mar de rosas e nunca poderia ser porque o ser humano é um eterno insatisfeito. Nunca está 100% bem para ele, para nós. E contra mim falo! Não sou perfeita!

Nunca me fiz de coitadinha, nunca me queixei com dores sem motivo e sempre vivi insatisfeita com tudo e com todos. Acho que sempre exigi demasiado da vida e principalmente dos outros e foi aí que surgiram as grandes desilusões na minha vida. Por isso penso e digo que Deus colocou esta doença na minha vida para me “abanar”, fazer “tremer” de modo a dar valor ao que realmente importa e a quem realmente é importante. E eu aprendi! E muito! E continuo a aprender e espero que quem faça parte do meu mundo aprenda também que a vida é muito, muito mais! É tudo aquilo que quisermos que ela nos dê e só depende de nós próprios! Acabem com as queixas, as lamurias

, as desculpas, com os palavrões, com a revolta, com a má disposição, com a mania das doenças, com a embirração, com tudo o que traz infelicidade a vocês e a quem vos rodeia. Confesso que me tornei um pouco egoísta com a situação da minha doença. Por mim, pelo meu bem-estar, pela minha saúde sou egoísta! Mas o meu egoísmo não prejudica os outros! Simplesmente quero e exijo ter o meu espaço e ter na minha posse as rédeas da minha vida! Decisões boas e más todos nós tomamos, experiências boas e más todos nós temos e as consequências das mesmas somos nós que sofremos e aprendemos ou não!

Pela minha vida, pela vida dos meus companheiros de luta que partiram, por tudo aquilo em que acredito festejei o meu aniversário num momento muito difícil da minha vida para mostrar a todos que tudo se faz, tudo passa e ultrapassa com fé, amor, esperança, saudade e respeito.

Em Julho de 2009, reuni alguns familiares e amigos para festejar mais um aninho de vida e também o fim dos meus tratamentos, comemorei o fim daquela que considerava a fase mais “negra” da minha vida. Gostaria de ter reunido um maior número de pessoas que também são muito importantes para mim, mas não me foi possível. As minhas sinceras desculpas.

Foi bom! Foi muito bom e muito importante para mim aquele momento.


     (as pessoas que mais amo: mano - Pedro, mãe - Rosemary e pai - o meu Alvarito - aqui ainda tinha bigode...)

E como a vida é muito curta, deixo-vos aqui frases de dois grandes senhores que infelizmente já partiram e que muito me ensinaram e ensinam:

Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros, apreciem cada momento e agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer...” António Feio

E POR FAVOR "Façam o favor de ser felizes…." Raul Solnado

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A terrível notícia e o início de uma depressão

Regressei da Holanda com o espírito renovado e certa que daqui para a frente a minha vida ia melhorar e muito. A doença estava tratada e era um assunto encerrado, o namoro que me fazia sofrer estava terminado, o meu trabalho estava a andar a bom ritmo… a minha vida estava a voltar ao que considerava “normal” depois de tudo por que tinha passado.

O meu regresso da Holanda representava uma nova página na minha vida, uma viragem! Vinha mais confiante em mim própria e mais “crescida”. Daqui para a frente acreditava que tudo o que viesse pela frente era tudo BOM, ÓPTIMO, MARAVILHOSO, ESPANTOSO, MAGNÍFICO, … mas Deus assim não o entendeu.

Deus decidiu colocar na minha vida mais uma prova de fogo! No mesmo dia que regressei da Holanda, os meus pais deram-me a pior das piores notícias da minha vida! A notícia que ia arruinar, destruir todas as minhas crenças, abalar toda a minha fé, confiança, coragem e amor… Perdi a Diana, a pérola da minha vida na viagem que tinha como objectivo mudar a minha vida. E se mudou…

O meu coração parou naquele momento, deixei de pensar, o meu mundo “abanou” e eu não conseguia aguentar-me nele de pé, não sem a Diana. Em pouco tempo construímos uma verdadeira relação de amizade e carinho, de amor e partilha. Nela e em mim depositava toda a minha fé e confiança. Acreditava vivamente, com todo o meu ser que seríamos umas SOBREVIVENTES e que hoje estaríamos as duas juntas para contar a vitória da nossa dura luta contra uma doença chamada CANCRO que nos obrigou a fazer uma “pausa” nas nossas vidas. Esta doença entrou nas nossas vidas sem pedir autorização e com ela para além da tristeza, da dor, da angústia fez-nos conhecer sentimentos puros, genuínos e verdadeiros e trouxe ao de cima o melhor de nós enquanto pessoas (felizmente).

 Tantas perdas meu Deus… Já perdi tanto na minha vida… Tantas pessoas que amei (e amo) e que partiram sem poder me despedir e dizer o quanto as amo e foram (e são) importantes para mim…

Depois de saber a notícia senti-me tão mal que nem consigo descrever aqui em palavras como me senti… a vida tinha deixado de fazer sentido. Nada nem ninguém fazia sentido. Nada nem ninguém me fazia apaziguar a dor que sentia dentro de mim. As lágrimas surgiam-me sem que eu as conseguisse conter. A imagem da Diana estava sempre dentro de mim, da minha cabeça. Não conseguia acreditar que a Diana já não estava aqui, junto de mim e das pessoas que amava, que já não fazia parte deste mundo.

 O que me fazia sentir melhor e reconfortava era acreditar que ela enquanto anjinho estava ali do meu lado e falava com ela… sem respostas… sem o riso dela… sem a poder ver nem tocar…

Precisava de ajuda! A tristeza invadia-me. Precisava de alguém com quem falar e desabafar, alguém em quem bater, gritar. A revolta era muita! Tanta!

É muito duro viver com a saudade permanente de alguém. Nós aprendemos a viver com a saudade mas a dor da perda nunca é superada!

A Diana desde que partiu tem-me dado sinais que está comigo. Foi ela que me fez voltar a acreditar em Deus, nas pessoas, no amor verdadeiro, na cura, na vida. É por ela e por tudo o que ela representa para mim que me ergo todas as vezes que caio. Que enfrento todas as situações menos boas que a vida me apresenta, cada desafio. Foi isso que ela me ensinou e que aprendi com ela: a nunca desistir de mim, dos meus sonhos, das minhas convicções, do meu verdadeiro ser, da minha vida!

A ti Diana, à vida e à alegria de viver! Obrigada por fazeres parte da história da minha vida e do meu coração. Por ti amiga…