quinta-feira, 28 de outubro de 2010

HOLANDA – O MEU GRITO DE LIBERDADE!

Com a minha vida a andar a bom ritmo, tive o convite da Dayse para a acompanhar numa viagem à Holanda para visitar uma amiga.

É escusado dizer que fiquei logo super entusiasmada e a minha resposta foi positiva! Claro que sim! A minha decisão não foi consensual e gerou alguma polémica em casa dos meus pais devido à “palhaçada” da Gripe A. Nesta altura, era o tema principal e muito sinceramente já me cansava sempre a mesma conversa. A minha vida tinha obrigatoriamente de parar devido a esta pandemia e relativamente a este assunto não existia o bom senso.

Tomei a vacina por aconselhamento médico.

Em Junho de 2009, parti para a Holanda sem o conhecimento e autorização da minha médica. Ficámos em Amesterdão e foi uma semana fantástica! Quando cheguei ao aeroporto de Lisboa fiquei incrédula com a quantidade de avisos e indicações sobre a Gripe A. Nada me demovia a voltar atrás, naquele momento meti a minha vida nas mãos de Deus!


                                               (Eu e a Dayse no aeroporto de Lisboa)

Fizemos escala em Madrid onde passámos lá umas horitas bastante divertidas. Depois apanhámos o avião até Amesterdão e… que sensação… Aqui tive a prova viva que ADORO, AMO andar nas nuvens. Lol

Só eu é que falava inglês, ou melhor, uma espécie de inglês e precisava que me dessem todas as indicações até chegar ao destino. Tivemos de apanhar o comboio, metro, autocarro…

A nossa estadia consistia em ver e visitar tudo quanto nos fosse possível e assim foi: começámos por fazer um bonito passeio de barco pelos canais para conhecermos a cidade, visitámos o Museu do Sexo, a Casa de Anne Frank (impressionante!), Madame Tussaud, Museu Van Gogh, Red Light District, coffee shops, e Royal Palace.

Foi uma semana muito intensa e muito divertida. Aproveitei cada momento!

Fiquei encantada com a beleza daquela cidade, a fachada das casas, o respeito, a ordem e a liberdade. Os seus habitantes eram de “cortar o fôlego” com tanta beleza, quer rapazes quer raparigas (as minhas atenções estavam mais viradas para os rapazes, claro!). A quantidade extraordinária de bicicletas naquela cidade… deixou-me estupefacta. Os jardins, as flores, as casas-barco na margem dos canais … Era o meu sonho viver num daqueles barcos...


                                  (A "minha" casa-barco em Amesterdão. PS=Aluga-se! :D)

A quantidade de sex shops, de coffe shops era algo nunca antes visto. Só de passar em frente à porta ficava com a "moca". Hihihihihihi Ainda pensei experimentar um space cake mas... na... fiquei-me só mesmo pelo cheiro.

Quando saímos à noite para conhecer a Red Light District, fiquei encantada com a postura das pessoas que por ali andavam. Não se viam cenas, pessoas malcriadas, faltas de respeito, tudo parecia ser muito normal. E era! As meninas dançavam dentro de montras muito bem arranjadas sob uma luz vermelha e era possível ver as “instalações (quarto) onde prestavam o serviço por trás delas.

A nossa estadia estava a chegar ao fim e cada vez mais tinha a certeza que tinha tomado a atitude mais correcta ao aceitar fazer esta viagem. Não deixei que o medo me dominasse. Afinal, o nosso destino já está traçado e o que tiver de acontecer, acontece!

Nos últimos dias da minha viagem recebi muitas mensagens de familiares, amigos e de algumas pessoas que eu já tinha afastado da minha vida a perguntarem-me como é que eu estava e se estava tudo bem… Achei estranho… mas fiquei contente por se lembrarem de mim e preocuparem-se comigo.

O tempo passava muito rápido e eu sentia-me esquisita, facto que associei ao cansaço e à tristeza de ter de regressar e “voltar ao mundo real”.

Foi muito bom sentir-me LIVRE! Esta viagem fez-me esquecer tudo o que já tinha passado e deu-me forças e coragem para continuar a viver, acreditando mais em mim e sendo uma pessoa mais independente (sem medos e receios). A minha fé também aumentou muito.

Uma viagem para repetir sem dúvida!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Nunca desisti de mim

O importante era manter-me activa e de bem com a vida! Assim, aliada ao yoga fazia caminhadas à noite com a minha mãe e/ou com a Dayse (ex-namorada do meu irmão e minha amiga). Nesta altura não tinha insónias nem pensava em “porcaria”.

Adoro Jim Dungo e tive a oportunidade de ir vê-los e ouvi-los à Semana Académica em Leiria com uns amigos.


As minhas saídas à noite que apesar de poucas já eram algumas, consistiam em idas ao cinema e ida ao café Rotunda na Praia do Pedrogão com amigas onde podíamos conversar e cantar no karaoke. As noites eram super calmas mas muito, muito animadas. Fizemos daquele sítio o nosso ponto de encontro porque não havia gente conhecida, estávamos super à vontade e quem quisesse estar connosco sabia onde nos encontrar. As sextas e Sábados à noite eram… únicas!


Em Maio fui convidada pelo meu primo e pela namorada a ir a Coimbra à Semana Académica e a ficar hospedada na casa deles que ficava… nos Covões, perto do hospital. Engraçado! Fui no Sábado para ver os Deolinda e Morcheeba. Não foi pelos grupos de música mas sim pelo convívio e ainda bem que fui! Reencontrei uma enfermeira estagiária quando estava a comprar o bilhete à tarde e à noite no recinto reencontrei uma prima e vários amigos, alguns já não os via há algum tempo. Também conheci gente nova e muito porreira, amigos e amigas do meu primo e da namorada. Vivemos momentos muito engraçados e hilariantes no final dessa noite. Depois desta ida e estadia em casa do meu primo, fiquei com uma ideia e sentimento diferente em relação aos Covões e às idas ao hospital já não tinham em mim aquela carga tão negativa. Nada acontece ao acaso!

A vida continuava e as consultas no hospital também! Estava tudo bem comigo, o organismo estava a recuperar lentamente. Os glóbulos brancos estavam em baixo e tinha anemia. A minha alimentação tinha de ser (ainda mais) reforçada em fruta e legumes e recomecei a tomar ferro à hora de almoço com sumo natural de laranja (ajuda à absorção do ferro nos alimentos).

Foi nesta altura que me informaram da existência do sumo de mangostão. Depois de me informar do que era e dos seus benefícios comecei a tomar um copo de café de plástico antes do pequeno-almoço e almoço. A fruta do mangostão tem uma série de benefícios para os diversos sistemas do corpo humano. É um anti-inflamatório natural e um antioxidante muito poderoso da natureza por possuir mais de 40 xantonas diferentes. As Xantonas são importantes, fitonutrinentes com poderosas propriedades antioxidantes. Foram comprovadas nas xantonas, actividades anti-microbiana, anti-fúngica e anti-retroviral bem como, propriedades anti-hipertensivas, anti-diabéticas, anti-inflamatórias, anti-maláricas e anti-tumorais.

Anti-tumoral, era tudo o que me interessava ouvir e tomei o sumo de mangostão com a esperança que me curasse e ajudasse a não sofrer mais. Mesmo que os resultados não fossem os que eu esperava, pelo menos surtia em mim o efeito placebo, ou seja, psicologicamente eu sentia-me bem por me encontrar a beber o sumo. Se fazia efeito ou não, não sei! Eu acredito que sim! E é assim mesmo!

“Enquanto há vida há esperança!”

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vamos lá esclarecer o que é o YOGA

(imagem retirada da net - SHIVA é o Deus da disciplina, criador do Yoga)


Quando comecei a frequentar as aulas de yoga e quando senti os benefícios de uma aula em mim, fiz questão de fazer publicidade a todas as pessoas que me rodeavam: pais, amigos, colegas, familiares, conhecidos, …

E descobri que as pessoas têm uma ideia muito, mas muito errada do que é fazer uma sessão de yoga… deixava-me triste porque a maioria nem me deixava explicar… começavam logo a dizer que não gostam e que isso não é para elas, não têm paciência, que é muito parado, …. Quem nunca frequentou uma aula de yoga não sabe, nem imagina o que é e os benefícios que esta prática traz para cada um em termos físicos e psíquicos! Se soubessem, acredito que muita gente frequentava estas aulas e tinham uma melhor, muito melhor qualidade de vida e evitavam muitas doenças.

Para mim, a yoga são exercícios internos que fazemos no nosso corpo. Enquanto o ginásio, o correr, andar de bicicleta, etc, contribuem para uma vida saudável mais a nível físico externo, a yoga são exercícios com posturas que melhoram o corpo humano interiormente, os órgãos e dão um bem-estar, uma paz de espírito que não consigo descrever, só sentir. E que falta me fazem as aulas…

As aulas de yoga decorriam às segundas-feiras no estádio do Vieirense na Vieira ao final da tarde. O vestuário tinha de ser o mais confortável possível, de preferência de cor branca ou clara. Geralmente as aulas de yoga são praticadas com os pés descalços, mas eu sempre usei meias bem quentinhas. Também tinha um colchão (só meu) e fazia-me sempre acompanhar de uma mantinha para não arrefecer durante a meditação.

(imagem retirada da net - a minha posição preferida = postura da criança em que o Yoga remete as pessoas à sensações vividas na infância)

Está provado que a yoga faz muito bem e traz muitos benefícios para a saúde, nomeadamente: no equilíbrio e concentração, corrige problemas físicos e psicológicos, na flexibilidade e força para outras actividades, realça a aparência, postura, pele, massa muscular, dá vitalidade, equilibra o sistema nervoso, endócrino e circular, dá sensação de bem-estar e elegância, é uma óptima actividade preparatória para desportos competitivos, e eleva o corpo e a mente em níveis mais profundos da consciência.

Antes que digam se gostam ou não POR FAVOR, se tiverem oportunidade EXPERIMENTEM!

Durante estas aulas tive experiências muito bonitas, engraçadas e inesquecíveis que mais tarde irei contar.

 Namastê

(imagem retirada da net -postura do camelo desenvolve a estabilidade e a força da coluna – que é alongada e fortificada por inteiro – e promove a flexibilidade dos ombros. Aumenta a capacidade dos pulmões, estimula a circulação sanguínea, fortalece os músculos das costas e ajuda a abrir o peito, libertando tensões emocionais)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Objectivo principal: Trabalhar!

Retomei o meu trabalho em 31 de Março de 2009 e foi uma sensação incrível! Indescritível! Levantar cedo e retomar todos os rituais para ir para o meu local de trabalho, era algo que tinha muitas saudades e sentia muita falta. Para o meu bem-estar físico e psíquico era fundamental retomar as minhas rotinas diárias!

Nos meses que antecederam a minha retoma à Associação, passava as manhãs a descansar (excepto os dias que tinha consultas no hospital), almoçava e por vezes, à tarde ia para o Ribeiro da Tábua (caminho da Praia da Vieira) caminhar com o meu pai e claro está com o “meu menino” o Lord. Levava os brinquedos dele e fazia-o correr, assim também me “obrigava” a exercitar. Era muito engraçado e divertido!!

Um dos meus “passatempos” preferidos e para o rápido crescimento do cabelo, era colocar couve na minha cabeça (couro cabeludo). Sim, sim, eu sei! Parece ridículo mas encontrei a receita no livro “Viva Melhor” e a verdade é que comigo resultou! Por isso, aqui vai a receita para quem estiver interessado: apanha 2 ou 3 folhas de couve (as minhas eram do quintal dos meus pais e quando terminaram eram as do quintal do meu avô e vizinho! Couves verdes!), lava-as bem, corta-as e coloca-as no liquidificador com ½ lt de água. Bate tudo, passa-as pelo passador e o sumo coloca num copo e lava a cabeça com o preparado, massajando. O cheiro não é muito agradável mas o resultado é muito bom! A receita dizia para deixar estar 30m ou 1 hora. Eu como queria resultados imediatos, deixava a tarde toda com uma toalha enrolada à cabeça. A par disto, continuava com a minha alimentação saudável e usava o champô da Gota Dourada (compro na ervanária). Nesta fase ainda não, mas quando comecei a cortar o cabelo tinha em muita atenção o calendário lunar, as fases da lua e só cortava o cabelo quando estivesse lua primeiro quarto crescente porque estimula o crescimento dos fios de uma forma ainda mais acelerada.

E porque muitas pessoas me perguntam e até fazem piadas, actualmente eu NÃO uso a couve porque entendo que não necessito. Se algum dia assim entender, volto a usá-la.

Adoro cinema e aproveitava o meu tempo “livre” para ver filmes em estreia no cinema com as minhas amigas, alguns amigos e também familiares. Arranjar-me para sair de casa, sair de casa, ver pessoas diferentes, estar num sítio diferente, agradável e confortável com pessoas giras e engraçadas a comer umas belas e saborosas pipocas e ver um bom filme para mim era (e é) TUDO!

Comecei a trabalhar e comecei a frequentar aulas de yoga no estádio do Vieirense por indicação de uma amiga. A primeira aula foi experimental e fiquei desde logo apaixonada tanto pelas aulas, como pela professora. No final da primeira aula sentia-me nas nuvens, com uma paz interior incrível. Uma experiência para sempre continuar (se a vida assim me permitir!).

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O meu Carnaval 2009

Com o fim dos tratamentos de radioterapia e com a necessidade extrema de fazer algo por mim para continuar a minha luta, decidi ir passar uns dias a Lisboa a casa da minha prima. O convite já me tinha sido feito várias vezes, mas nunca tinha tido oportunidade ou por realização de tratamentos ou por ter consultas marcadas.

Assim, como estava a aproximar-se a época do Carnaval, a altura do ano que eu mais detesto e como precisava de “esvaziar” a minha cabeça e manter-me afastada de tudo o que não gosto decidi aproveitar estes dias para sair.

O meu pai levou-me a Leiria e fui de expresso até Lisboa. Adoro andar de autocarro! Adoro viajar sozinha, ter os meus momentos… só meus, sem interrupções. Levei um livro para ler, o mp4 para ouvir música mas a minha cabeça não parava de pensar em tudo o que tinha passado e como ia arranjar forças e coragem para me restabelecer e recomeçar a minha vida.

A primeira etapa estava ganha! Tirar o lenço! Tinha o cabelo super curtinho, tinha muito frio na cabeça e era extremamente importante para mim assumir-me tal como era e estava.

A minha estadia em Lisboa tinha como objectivo principal estar com a minha família, rever o meu primo Pedro (primo com quem brinquei na minha infância e depois perdi o contacto) e ir a um concerto no Pavilhão Atlântico.

Passei um dia fantástico com o meu primo. Fomos almoçar a um restaurante mexicano nas Docas e depois fomos para o Parque das Nações. Revisitei a “minha” Expo’98 o que foi maravilhoso! Visitámos o “meu” Pavilhão Conhecimento dos Mares, actual Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva e diverti-me imenso. Muito mesmo!

Fui com os meus primos e com um grupo de amigos ver o concerto "Banda de Tributo a Abba" na sala tejo do Pavilhão Atlântico, foi a primeira vez que lá entrei e adorei. Foi muito, muito giro. Cantei, dancei e fiz muitas pausas para me sentar no chão a descansar. No final do concerto, houve uma grande festa da rádio M80. As músicas são muito giras e fazem-nos “abanar o esqueleto”. Lol. Nesta fase, já muito cansada e não querendo estragar a noite a quem estava comigo, fui-me sentar na bancada e fiquei a admirar as pessoas que estavam na plateia a dançar e a divertir-se. Muitas estavam mascaradas devido a um concurso de máscaras. Apesar de não gostar do Carnaval e de pessoas mascaradas, achei todo aquele ambiente muito bom, muito giro, gostei de estar ali, naquele sítio com pessoas giras, educadas e civilizadas que faziam rir e divertir todas as pessoas que ali se encontravam estivessem ou não mascaradas.



 Aproveitando a minha estadia em Lisboa, fui visitar uma amiga que conheci na Expo e que desde então faz parte da minha vida. Adoro-a muito! Passei uma noite muito agradável na sua companhia, das suas princesas e do seu príncipe.

Apesar de estar longe e de querer estar em paz e sossego nestes dias, vários foram os telefonemas que recebi a porem-me a par de tudo o que acontecia na Vieira e na Praia da Vieira durante os dias de folia do Carnaval. Cada vez mais as pessoas me desiludiam…

Quando cheguei, soube da notícia da partida do João, amigo da minha estrelinha. Fiquei muito surpreendida pela negativa e muito triste, com a partida de mais um companheiro de luta. Tenho a certeza que esteja onde estiver, está bem, feliz, sem dores e sem sofrimento.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Tratamentos de Radioterapia

Se o ano de 2008 foi “riquíssimo” em tratamentos de quimioterapia, o mês de Janeiro de 2009 foi “cheio” e “novo” com os tratamentos de radioterapia.

Foi novidade! Os tratamentos foram realizados num outro hospital o que fez com que os meus níveis de stress e nervosismo subissem a pique. Saí da minha zona de conforto… O Hospital Universitário de Coimbra, serviço de radioterapia, tem óptimas condições e muito bons profissionais o que contribuiu para a minha confiança, paz e sucesso.

Antes de iniciar os tratamentos de radio fiz várias análises ao sangue e TAC’s para saberem exactamente qual a localização, a área a ser tratada. Não foi fácil porque o estômago não é um órgão que esteja parado e houve necessidade de me fazerem uma “revisão” para uma marcação mais precisa e eficiente. Os pontos são marcados no corpo com uma agulha com tinta da china e nunca mais desaparecem.

Fiz um total de 18 tratamentos, 2 tratamentos em 30 e 31 de Dezembro de 2008 e 16 tratamentos durante o mês de Janeiro, com a duração de cerca de 15/20 minutos cada um. Com hora marcada, chegava ao hospital, dirigia-me à secretaria e aguardava que chamassem o meu nome através de um altifalante. Tinha uma cabine onde me despia, ficava em cuecas e meias, vestia uma bata e dirigia-me a uma sala com uma máquina semelhante a uma máquina de realizar TAC’s, onde a única diferença é ter um quadrado com réguas estrategicamente bem posicionada sobre a zona a tratar.


Durante a realização dos tratamentos, quando estava deitada, tinha um ritual… Fechava os olhos e rezava o Pai Nosso e a Avé Maria e falava com Deus e Nossa Senhora para que os tratamentos fizessem efeito e tudo terminasse o mais rápido e da melhor maneira possível. Rezava por mim e por todos os doentes.

A deslocação para o hospital era feita de 2.ª a 6.ª feira de ambulância, sempre com a companhia do meu pai.

As viagens eram longas e chatas. Estava sempre desejosa para chegar, fazer o tratamento e vir embora para casa. Neste momento e olhando para trás, acho que me cansei mais das viagens do que propriamente dos tratamentos. Andava cansada, estoirada e o que mais queria era distância do meu telemóvel! Não havia paciência! Paz e sossego era o que mais ambicionava e desejava.

Os efeitos secundários foram variados e diversos, não foram tão maus como os da quimio, mas deixaram-me em “baixo de forma”. O pior de todos foi sem dúvida o estado lastimável em que minha boca ficou. Actualmente, ainda não consegui tratar e curar os meus dentes e gengivas. Espero que a “má onda” que tem atravessado a minha vida me permita ter saúde para poder trabalhar e ganhar o dinheiro necessário para não sofrer mais dor de dentes e gengivas.

"Deus não exige que tenhamos sucesso; ele só exige que tentemos. " Madre Teresa de Calcutá

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Final de Ano 2008 (Finalmente!!)

O ano de 2008 foi terrível, o pior ano de toda a minha vida! Graças a Deus estava a chegar ao fim e eu ansiava, ambicionava, desejava o novo ano 2009 com tudo de bom que ele me podia trazer, ou melhor, com tudo de bom que eu queria que ele me trouxesse.

Fiz questão e pedi aos meus pais para passarmos a passagem de ano em casa, em paz e sossego. Ainda me sentia muito debilitada e não me sentia bem. O meu ego, a minha auto-estima, o meu amor próprio estavam pelas ruas da amargura, como é natural. Olhava ao meu redor e a vida das pessoas que me eram mais próximas continuava normalmente, só a minha é que estava em “stand by” a todos os níveis…

Não foi uma noite muito animada… A alegria não “abundava” em minha casa. A realidade é que o Natal nunca mais foi o mesmo desde a partida do meu avô. Os Natais eram sempre passados em casa dos meus avós maternos com a família toda. A confusão era mais que muita, mas era uma época muito especial e muito, muito Feliz.

Apareceram em casa dos meus pais alguns dos meus amigos. Fizemos uma sessão de karaoke mas não me sentia bem, não me sentia feliz… Sentia-me alegre e muito contente pelo facto de ter terminado os tratamentos de quimio e por terem corrido bem, por estar a vencer a doença e de estar viva neste momento, no entanto, existia outra parte de mim que sentia-se triste e infeliz pelo facto de não ter o que mais queria noutras áreas da minha vida. Não me sentia completa e o novo ano de 2009 para mim tinha obrigatoriamente que ser um ponto de viragem na minha vida ou não ia correr nada bem!

O meu principal objectivo era fortalecer-me para enfrentar uma outra e nova etapa, os tratamentos de radioterapia.

Nessa noite, os meus amigos convenceram-me a sair de casa e a ir até aos bares da praia da Vieira… Foi de mal a pior… Foi horrível… Não aguentei lá 5 minutos e fui-me embora…

A noite da passagem de ano estava passada… A minha fé e esperança era para um novo ano MUITO, mas MUITO MELHOR!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O meu surpreendente Natal 2008

O tempo estava muito frio e chuvoso, aproximava-se o Natal eu tinha a companhia permanente do meu pai e dedicava-me à malha, a fazer cachecóis, a ver televisão e dormir…

O meu Pluto (cão) tinha desaparecido num dos passeios que fazia com o meu pai e eu nesta altura estava apaixonada por uma cadela lavrador. Volta e meia pedia ao meu pai um cão, mas ele andava muito triste (e cansado) com o desaparecimento do seu “colega” Pluto e ainda mais com tudo o que me estava a acontecer. A resposta era sempre a mesma: “Pelo amor de Deus Andreia, achas que tenho condições para ter um cão agora?!? Ganha-me juízo!”. O meu coração apertava e com a voz meia trémula dizia "ok"… O Pluto fazia-me tanta falta. Era rafeiro, muito maluco mas muito meiguinho e muito inteligente porque percebia tudo o que lhe dizíamos. Já fazia parte da família e fazia-me rir.

Dia 22 de Dezembro á noite, a campainha da porta principal da casa dos meus pais tocou e coube-me a mim ir abri-la. Quando abri não vi ninguém e achei estranho… qual era a piada?!? Foi quando olhei para baixo e vi… isto…

Nem queria acreditar no que estava a ver… Ainda perguntei se era mesmo para mim (podia ter havido algum engano) mas confirmava-se! O meu irmão em parceria com o meu ex-namorado tinham-me oferecido esta maravilha que desde a primeira vez que o vi apaixonei-me de imediato! O meu coração encheu-se de alegria e emoção e fartei-me de chorar. Todos estavam felizes à excepção do meu pai que estava aterrorizado! Lol

Nos dias que se seguiram (e até agora) tem sido uma aventura com este pequeno/grande “diabrete” de nome Lord (em memória de um cão que eu conheci e amei na minha infância). É a loucura em casa dos meus pais e um autentico desassossego. :D

O meu Lord é grande, é um verdadeiro atleta e um ganda maluco. Só quer brincadeira e atira-se logo às pessoas. A sua verdadeira loucura é a água e é tão giro vê-lo a brincar com ela. O seu passatempo preferido é roubar-nos roupa para andarmos atrás dele… Só quer brincadeira. Não pára um minuto sossegado, ou melhor… pára quando há comida por perto e aí é vê-lo a babar-se todo.

De vez em quando ponho-o maluco quando falo com ele ao telemóvel. Lol. Ele conhece a minha voz mas não me vê… já está habituado porque quando tomava banho em casa dos meus pais chamava-o da banheira e ele ouvia-me na rua e era vê-lo “doidão” à minha procura. Hihihihihi.

Tenho muita pena de não o ter aqui comigo, mas é impensável tê-lo num apartamento tão pequeno. Quem sabe um dia se mudar… Também não sei se terei coragem de o tirar da casa dos meus pais, é a sua casa, a única que ele conheceu e apesar de o meu pai estar sempre a reclamar, eu sei que ele ADORA o Lord. É impossível não se gostar!

O Lord foi uma das prendas surpreendentes que tive. Seguiram-se outras e a maior e mais importante de todas para mim foi passar mais um Natal viva, com a presença e o amor da minha família e verdadeiros amigos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma surpresa inesquecível

Era um Sábado de Dezembro normalíssimo não fosse a muito agradável e inesquecível surpresa da vinda dos meus amigos da Expo’98 à Vieira para me verem.

Nem queria acreditar! O Carlos, a Sofia com as suas princesas: Maria e Leonor, a Susana e o Nuno vieram visitar-me! O almoço foi o que é normalmente, sopinha com peixinho grelhado que a minha mãe e o meu pai fizeram. Também eles estavam muito felizes, apesar de muito cansados (não foi um ano nada fácil para eles, principalmente para a minha mãe que tinha o seu emprego/trabalho e teve de aliar com as viagens, as consultas, as visitas, a confecção da alimentação e tudo o resto que envolve a gestão de uma casa e de uma doente.)

Foi um almoço muito alegre e divertido a falar sobre o rumo da vida que cada um tinha tomado depois da Expo e os planos/objectivos que cada um tinha para o futuro. Claro está que o futebol e o desporto também foram tema de conversa… numa casa de Sportinguistas eis que recebemos (com muito gosto!) um Benf… muito vermelhão… hehehehehehe. E as várias histórias do pavilhão foram uma constante. Num pavilhão com cento e tal colaboradores todos tão diferentes uns dos outros nada mais natural que tivessem existido casos caricatos e engraçados. Foi muito bom reviver esses tempos!

À tarde fomos dar um passeio até à praia da Vieira e praia do Pedrógão onde fizemos uma pausa no bar “Holandês”. Lembro-me que estava uma ventania horrível, as estradas estavam cheias de areia mas estava um sol radiante. O dia estava como eu, muito contente e Feliz!

Em 1998, quando fui trabalhar para a Expo’98 conheci muitas pessoas. Umas marcaram-me mais que outras (como é natural), O Carlos, a Sofia e a Susana sempre estiveram comigo em todo o meu percurso desde então e eu sinto por eles uma amizade, um carinho e um respeito muito, muito grande pelas pessoas que são.

Agradeço-lhes tudo o que me têm feito e tudo o que me têm dado ao longo destes anos de amizade. Muito obrigada! Agora aguardo a vossa visita em minha casa, em Leiria. Entretanto encontramo-nos no almoço convívio da Expo aqui em Leiria.

ADORO-VOS MUITO!!

domingo, 10 de outubro de 2010

Dezembro 2008

Os tratamentos estavam a terminar, ao efeitos secundários a passar (diarreias, infecções urinárias, náuseas, vómitos, má disposição, …) O final do ano estava a chegar ao fim e a minha força e fé aumentavam com a aproximação de um ano novo carregado de surpresas, a minha cura e muita, muita paz e felicidade.

Neste mês fui convidada pela minha estrelinha para participar num jantar de Natal organizado por ela com amigas e primas. Fiquei na dúvida se devia de ir uma vez que me sentia tão debilitada, mas a vontade de sair e fazer algo diferente aliciava-me MUITO.

Numa das idas ao hospital, eu e os meus pais fomos ao fórum para fazer tempo, uma vez que as consultas na Hematologia eram de manhã e normalmente era internada da parte da tarde. Num desses passeios comprei um vestido de malha castanho e amarelo que estava em pulgas para o estrear. A minha roupa normal era pijama e fatos de treino. Vestir algo diferente que obrigava-ma a arranjar, a olhar-me ao espelho e aceitar-me tal como era… não era tarefa fácil mas pensei e escolhi os acessórios todos a condizer. Lol.

E lá fui eu toda “quitada” de camisolas e casacos! E foi uma noite tão gira!!! Inesquecível! Diverti-me imenso e fartei-me de rir. Jantámos no restaurante “Rotunda” na Praia do Pedrogão e depois fomos para o café rotunda (ao lado) onde fizemos uma verdadeira sessão de karaoke. No início ninguém queria cantar, ninguém cantava bem e isto e aquilo. No final, todas cantámos e encantámos! Hihihihihihihihi. Eu cantei o “Fado Toninho” dos Deolinda. Lol. E a partir daqui… foi sempre a cantar.

Também fui convidada para um almoço de Natal, num Domingo com as minhas amigas da Vieira no restaurante “O Curral” e apesar de estar “diferente” sentia-me bem e mais importante viva! O almoço foi muito giro e muito divertido. Estive com pessoas que fizeram parte da história da minha vida na minha infância e juventude e agora Deus estava a dar-me a oportunidade de voltar poder a estar com elas.

Devagarinho, estava a retomar a minha vida. Com muita calma e muita paciência estava a tentar ser Feliz.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pequenos grandes gestos

O tempo que passava em casa ou era na cama ou no sofá. Conforme os dias e a disposição.

Nesta fase não queria ver, nem ouvir ninguém. Sentia-me muito “em baixo”. Um Sábado, a minha mãe obrigou-me a sair de casa para ir dar uma volta de carro e ir ao clube vídeo buscar alguns filmes que me animassem. Apesar de não ter disposição para nada fiz-lhe a vontade. A primeira paragem foi na loja de uma amiga minha na Viera que assim que a vi desatei a chorar… a Carina agarrou-se a mim e chorava comigo… depois de estarmos um tempo assim, agarradas uma à outra, vi que na loja para além da minha mãe também estava o marido dela que também se emocionou ao ver-nos.

Fui ao clube vídeo e a minha vontade era fugir. Aluguei os filmes e fui para casa enfiar-me no quarto. Os meus Sábados á noite normalmente eram passados em casa na cama a ver os “Apanhados” e o que desse na televisão sozinha em paz e sossego.

Este Sábado foi diferente! A casa dos meus pais foi “assaltada” pela Carina, pela Mimi (a filha da Carina que eu AMO) e pela Eunice. Todas de pijama “artilhadas” com chocolates, rebuçados, gomas e tudo mais que fosse doce! Lol. O meu dia de tristeza profunda tinha-se tornado numa noite de pijama super animada a ver um filme e a comer “porcarias”. Claro está que não nos calámos um minuto a falar de nós e de toda a gente que nos lembrávamos e ainda pregámos algumas partidas.


Foi muito bom! Não queria falar nem ver ninguém mas elas não me deram qualquer hipótese e agradeço-lhes muito por isso.

Durante esta minha etapa fui presenteada com muitas surpresas por parte das minhas amigas e de familiares. Desde a festas pijama, a sessões de cinema, a desfiles de roupa, sessões de chá, visitas inesperadas (quando só queria era estar sozinha...), mensagens, mail’s, … O objectivo era animarem-me e conseguiram.

O meu muito obrigada a todos! Foram momentos muito difíceis que foram amenizados com os vossos pequenos grandes gestos que jamais esquecerei. Muito obrigada!!

Não podia desistir!

O meu primeiro tratamento foi difícil, mas não impossível. As náuseas e os vómitos eram uma constante mas aguentava-me firme e forte. Só queria sair do hospital e apanhar ar fresco, ir para casa.

Tinha tempo para descansar e recuperar até ao próximo. O segundo tratamento teve de ser adiado uma vez que não tinha valores para ficar internada, as plaquetas estavam em baixo e precisava de mais tempo para me restabelecer, recuperar.

A minha cabeça não parava!

Durante este segundo tratamento, estava internada e acordei com um telefonema do meu ex-namorado a dar-me a notícia que “tinha morrido uma amiga minha, a Sónia”. Fiquei a bater mal, mas precisava ter a certeza que não era mais uma das mentiras dele. Liguei para algumas das minhas amigas porque precisava da confirmação. Não podia ser! Não queria acreditar! O pior confirmava-se! A Sónia não tinha resistido a um cancro da mama, os tratamentos não deram resultado. Sempre acreditei que iria vencer a doença e ser muito feliz, mas Deus assim não quis.

A Sónia era uma mulher muito marcante, pela sua beleza física, pela sua sinceridade, honestidade e muita frontalidade. Encarou sempre a doença da melhor maneira e estava sempre bem. Emprestei-lhe o livro “Viver de Amar” num jantar que tivemos antes de iniciar os tratamentos de quimio e radioterapia. Nunca o leu porque sempre teve a força necessária para a luta pela sua vida. Nunca a vou esquecer! É mais um anjinho no céu a olhar por todos nós e a fazer rir todos os que estão com ela.

No hospital com o choque da notícia, fiquei histérica, deu-me um ataque de choro, perdi o controlo de tudo. O psicólogo do hospital foi chamado e deram-me um calmante (para cavalos) para me porem mais calma e resultou. No entanto, a angústia, a tristeza e o desespero apoderavam-se de mim. Não sei como fiz o meu tratamento de quimioterapia de 24h nesse mesmo dia, no entanto sobrevivi e consegui. Foi o pior e o mais difícil sem dúvida! Passei todo o tempo a rezar, a pedir a Deus para me poupar, para me deixar viver…

Acredito em Deus, acredito no meu anjo da guarda e acredito que existe uma força que nos faz ultrapassar tudo. É este acreditar que me mantém viva e fiel a mim mesma e que me faz ser quem eu sou.

Apesar de todos os sentimentos negativos que carregava dentro de mim, não só pela partida da Sónia mas pela falta de respeito, falta de amor que tiveram para comigo ao darem-me a notícia da pior maneira. Não se faz! Foi uma dura aprendizagem… Cada vez mais percebia que existem pessoas más e muito, muito egoístas. Os outros não interessam desde que eu esteja bem. E cada vez mais descobria-me a mim própria e sentia mais admiração, mais orgulho, mais amor, mais carinho, mais tudo pelos meus pais e pela educação que sempre me deram. 

Obrigada Pai e Mãe!