sábado, 25 de setembro de 2010

O reinício dos tratamentos,

foi um balde de água fria para mim, para os meus pais, para a minha família, amigos, colegas de trabalho… estava tudo incrédulo com a notícia. Eu apesar de triste, mantive-me sempre consciente e com esperança que me curasse de vez. O tempo aqui já não me interessava! Tudo o que queria era curar-me e que a minha vida de volta sem pausas nem interrupções!

Dia 6 de Outubro, segunda-feira de manhã lá estava eu para uma consulta no serviço de Hematologia no Hospital dos Covões! Confirmava-se a notícia que tinha de recomeçar os tratamentos de quimioterapia mais agressivos o quanto antes. Agora era tempo de munir-me de forças e coragem para “enfrentar o touro pelos cornos”! Mais uma vez, Deus mostrou-me que de nada valia chorar, desesperar, revoltar, espernear… As lamurias, o pessimismo, o sentido de derrota, as lamechices de nada me valiam neste momento crucial da minha vida (mais um) porque ou eu LUTAVA ou eu MORRIA!

Fui internada passados 2 dias, no dia 8 de Outubro no serviço de Neurologia. Entrei às 15h e quem me visse era a pessoa mais calma do mundo mas no meu íntimo estava “borradinha” com medo. Nunca tinha estado internada num hospital. Até então, nunca tinha tido nada, partido nada, nunca tinha tido uma baixa médica.

Iniciei o tratamento de quimioterapia de 2.ª linha de acordo com o protocolo R-ICE e consistia em fazer um tratamento de 30m de quimio no 1.º dia de internamento, 24h no segundo. Penso que fiz 3 ciclos de quimio, ou seja, tive internada 3 vezes em tempos diferentes (2 tratamentos em Outubro e um em Novembro). Muito sinceramente, não me lembro se fiz mais algum.

O quarto era bom, recente com toda a comodidade que um hospital podia oferecer, o quarto onde estive era de cor azul (do céu, do mar…), tinha uma televisão e mais duas companheiras de quarto. Na primeira noite que passei no hospital (e para começar bem) vi a morte de uma das minhas companheiras. Quando cheguei a senhora já não estava bem. Encontrava-se ligada às máquinas e fazia-me muita impressão pelo que pedi às enfermeiras para puxarem a cortina de modo a não conseguir visualizá-la (pensava eu que era a primeira vez que assistia à morte de uma pessoa). Acordei de madrugada com o aparato das máquinas a apitarem, as luzes, o pessoal médico e enfermeiros e correrem de um lado para o outro na tentativa de salvarem aquela pessoa.

No dia seguinte, quando acordei, a senhora já não se encontrava no quarto, na cama. Fiquei intrigada e perguntei: “Onde está a senhora que estava aqui na cama ao lado?”. A enfermeira respondeu com um ar muito triste: “Foi transferida…”

Ok! Pensei eu! E rezei por ela, para onde quer que estivesse, estivesse bem e em paz e não estivesse a sofrer. Depois rezei por todas as pessoas que estavam internadas na cirurgia, mas depois rezei pelas pessoas que estavam naquele hospital e depois rezei pelas pessoas que estavam em outros hospitais e rezei também pelas pessoas que estavam em casa doentes e rezei pelas pessoas que estavam a sofrer e rezei também pelos médicos que tratam essas pessoas e pelos enfermeiros que tratam delas e ainda rezei pelas suas famílias e rezei e rezei e rezei…



2 comentários:

  1. que cobertor mais colorido,
    é mesmo a tua cara,
    quem te deu quem te deu?
    terá sido a estrela Sara?

    uma semana começa hoje,
    assim como recomeçaste os tratamentos,
    continuas neste blog,
    a dizer teus sentimentos!!!

    é bonito e nós gostamos,
    deste relato que é só teu,
    continua minha Linda,
    seja em Leiria ou em Viseu.

    CS

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  2. ADORO-TE MUITO!

    Beijo grande. Estou SEMPRE contigo, minha estrelinha.

    Sara Bento.

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